domingo, 14 de agosto de 2011

ME TRAZ UM LÁPIS


Vivemos nossas vidas em estágios, que somados definem nossa personalidade, nossa essência, nossa caminhada à partir das experiências que acumulamos. Experimentamos sensações, situações, eventos, acontecimentos. A história que vamos construindo com o passar do tempo nunca é só a MINHA ou a SUA história. Pessoas nos ajudam a escrever cada linha do livro da vida, recheados dos mais diversos momentos, alegres ou tristes, bons ou ruins, inesquecíveis ou não. Mas são poucas as pessoas que nos ajudam a escrever uma história de amor. São poucos (talvez um só ???) capazes de escrever A História de Nós 2. A forma como tudo acontece, um detalhe ou outro, pode variar, mas a essência do enredo é sempre a mesma. E é essa essência que podemos ver e talvez reconhecer no espetáculo estrelado por Alexandra Richter (atual companheira de cena de “Jorginho” e “Pedrão” no seriado dominical Os Caras de Pau) e Marcelo Valle (O que atura a Eunice em Insensato Coração).

A peça retrata a história de um casal que se ama mas que, assim como qualquer outro casal, enfrenta crises no casamento. A rotina, a chegada inesperada de um filho, a saudade dos tempos de solteirice, e as outras personalidades que descobrimos coexistir dentro de nós e que se manifestam ao longo do tempo, são alguns dos motivos corriqueiros que podem fazer com que o casamento enfrente algumas turbulências e o dividem em início, meio e fim (ou não).

Tenho 22 anos e até agora só conheço o início e o princípio do meio d’A História de Eu 1, mas com o um caderno aberto, esperando a pessoa que vai trazer o lápis e me ajudar a escrever a história de nós dois, seja lá quem sejamos esse nós. (Sinais claros do efeito romântico causado pela peça).

O espetáculo está em cartaz há 2 anos e meio no Rio de Janeiro e se despede na semana que vem (depois vai para São Paulo) com mais 4 apresentações (Qui, Sex, Sab e Dom) no teatro Miguel Falabella, sempre às 20h. O texto é assinado por Lícia Manzo e a peça é dirigida por Ernesto Pícolo.

sábado, 23 de julho de 2011

SHE WALKS AWAY, THE SUN GOES DOWN



Hoje, 23 de Julho de 2011, o mundo perdeu um de seus ídolos mais marcantes. Amy Winehouse ultrapassou as fronteiras londrinas e levou sua voz para o resto do planeta. Pra nossa sorte. Uma voz inconfundível, e um talento musical notável. E seu talento não era apenas no canto, Amy compunha suas próprias músicas e ficou mais conhecida com o sucesso do segundo disco lançado em 2006, Back to Black, e a música de maior expressão foi Rehab, onde ela “brinca” com seu vício em álcool e drogas.

Amy já vinha passando por momentos difíceis em sua vida pessoal em conseqüência da sua dependência e isso se refletiu fortemente na sua carreira que deu uma estagnada. Ainda assim, em Janeiro desse ano ela fez uma turnê pelo Brasil e sua passagem por Florianópolis mostrou uma Amy pontual e equilibrada. Inclusive, cada vez que Amy dava uma bicadinha na garrafa de água mineral, era motivo de comemoração e aplausos dos fãs. Já nas outras capitais pelas quais passou uma pitada da louca Amy temperou sua passagem por aqui. Com direito a cusparada em jornalistas e fãs, atraso de 20 minutos em São Paulo e tentativas de manobras mal-sucedidas durante o show no Rio de Janeiro.

Amy Winehouse fez uma breve porém simbólica passagem por essa vida. 27 anos (e a tal maldição persiste) foram suficientes para deixar sua marca e não ser esquecida nunca mais. (Mas bem q podia esperar mais um pouquinho NE !?)




terça-feira, 19 de abril de 2011

ME DIZ SE SOU BONITA ?


É um sábado à noite .. aniversários e festas acontecem sem mim .. não me sinto bem .. sem mais o que fazer para animar minha noite procuro um filme em um canal qualquer .. encontro o canal VIVA .. vai começar um filme nesse momento . .paro .. vejamos do que se trata ...

Com alguns minutos de filme comecei a achar que meu sábado estava realmente perdido . .totalmente perdido .. Até então só vi uma mulher, dentro do seu apartamento, esperando alguém chegar enquanto prepara o jantar e fala com sua amiga ao telefone .. eis que o convidado chega .. e filme passa a ser a mulher e o homem, no apartamento, em um jantar que não deu certo .. Pensei: “o filme vai ser todo dentro desse apartamento ?” .. E FOI ... Mas pra minha surpresa, esse detalhe junto ao fato de que a tal mulher, Fanny, e o tal homem, Paul, eram os únicos personagens que apareciam ao longo de todo o filme (dos outros 4 só conhecemos a voz), não atrapalharam em nada o seu valor.

“Me diz se sou bonita?” conta a história de Fanny (Marina Foïs), que está na crise dos 30, se sentindo velha, acabada, sozinha e convida um colega de escritório para jantar e ver se dá uma agitada na sua vida sexual. Especialmente hilária, toda atrapalhada, Fanny é uma personagem linda. Paul (Julien Boisselier) é o amigo do escritório que chega para jantar sem grandes intenções, mas que até o fim da noite acaba descobrindo que sua presença ali não é por acaso. É uma história linda, romântica, permeada de diversos momentos engraçados. Um filme leve, simples, e que toca você como poucos. Talvez seja esse o clima que se sente quando se está na França (tomara que eu descubra logo).

Existem dois momentos, dentro de uma mesma cena, que são os mais marcantes do filme pra mim. Paul fazendo uma coreografia conteporânea e Fanny cantando uma de suas composições no melhor estilo voz e violão. Esse último me fez arrepiar. Segue o trecho .... Não consegui a versão legendada então pode ver a letra aqui.
“Trentenaire Et Célibataire”
Escrita por Martine Fontaine & Rémi Le Pennec
Interpretada por Marina Foïs

Notinha de rodapé: “Me diz se sou bonita?” (J'me sens pas belle) é uma produção Francesa do ano de 2004 e dirigida por Bernard Jeanjean.

Chorando se molhou


Água encanada
Água salgada
Lágrima encanada
canalizada

O chuveiro chora sobre minha nuca
ele chora com meu choro
chora como eu choro
e chora ... chora

O azulejo gela minhas costas
minhas pernas escorrem com a água
estendem no chão
se entendem no chão

A água escorre
ainda que eu chore
ainda que eu escorra
e corro .....

terça-feira, 5 de abril de 2011

E VOCÊ ACHA ISSO BONITO ????



Um jovem muito belo, vivia na Londres do século XIX quando conheceu um artista que quis fazer um retrato seu. Dorian Gray, era possuidor de uma beleza encantadora que inspirou Basil Hallward à realizar sua obra. Nesse meio tempo, um amigo de Basil, Henry Wotton, conhece Dorian e também se encanta por sua beleza. Eis que o retrato fica pronto e é super elogiado por tamanha a semelhança com o Gray de verdade. Henry comenta que Dorian tem tudo o que ele precisa na vida, juventude e beleza, e enfatiza que somente a sua imagem na tela é que terá o privilégio de ser detentora de tais qualidades para sempre. Esse comentário desperta no jovem inglês uma preocupação inquietante que acaba levando-o a vender sua alma em troca de manter sua beleza e juventude enquanto a imagem do quadro sofreria as conseqüências do tempo em seu lugar. O que acontece é que Dorian Gray fica deslumbrado com a fato de que o quadro está envelhecendo enquanto ele permanece bonito e jovem e começa a perder a noção. Leva uma vida de libertinagem e maldades, seduzindo a todos a sua volta e com a cara de anjinho mais lavada do mundo. Um cara-de-pau. As conseqüências dessa vida “torta” são catastróficas ... para todos.

Oscar Wilde (1854-1900) escreveu essa história em 1890 para a publicação de uma revista. Mas ele gostou tanto que resolveu ampliar a história e lançou 1 anos após o livro “The Picture of Dorian Gray” (O retrato de Dorian Gray). Na época Wilde foi muito criticado pelo conteúdo homoerótico contido em sua obra, mas isso não diminuiu o sucesso alcançado e fez de sua publicação um clássico. Li no ano passado uma edição do livro feita pela editora Abril. Adorei a história e descobri que já tinha sido levada ao cinema por uma total de 16 vezes. Entre elas estão as mais expressivas em 1910 (a primeira), 1945, e a mais atual lançada em 2009. Essa última acaba de chegar (2 anos depois) aos cinemas brasileiros (e apenas em 4 salas no Rio de Janeiro) e eu não podia deixar de conferir.

Já fui ver o filme esperando não encontrar toda a riqueza de detalhes e emoção que encontramos nos livros. Já sabemos que é sempre assim. Alguma coisa parece fora do lugar, outra totalmente distorcida, mas é mesmo complicado ser totalmente fiel ao livro. Mas para minha boa surpresa, adorei o filme. Mesmo começando com uma diferença gritante nas características físicas do protagonista, que no livro é loiro, cabelo cacheado e olhos azuis, e no filme é representado por Ben Barnes (O Príncipe Caspian de Nárnia) com suas madeixas negras e lisas e olhos também negros, mas nada que destruísse a poética da história. Barnes deixa a desejar ao fazer a versão “Black Swan” de Dorian mas traz uma atuação que eu considero boa. Nada espetacular, mas, boa. Ele divide a cena com Colin Firth, que vive o cínico e safadinho Henry Wotton e Ben Chaplin, que faz o pacato pintor Basil Hallward que protagoniza a única cena homossexual do filme (eu particularmente acho que se esses dois trocassem os papeis o resultado seria mais interessante).