terça-feira, 19 de abril de 2011
ME DIZ SE SOU BONITA ?
Chorando se molhou
Água encanada
Água salgada
Lágrima encanada
canalizada
O chuveiro chora sobre minha nuca
ele chora com meu choro
chora como eu choro
e chora ... chora
O azulejo gela minhas costas
minhas pernas escorrem com a água
estendem no chão
se entendem no chão
A água escorre
ainda que eu chore
ainda que eu escorra
e corro .....
terça-feira, 5 de abril de 2011
E VOCÊ ACHA ISSO BONITO ????
Um jovem muito belo, vivia na Londres do século XIX quando conheceu um artista que quis fazer um retrato seu. Dorian Gray, era possuidor de uma beleza encantadora que inspirou Basil Hallward à realizar sua obra. Nesse meio tempo, um amigo de Basil, Henry Wotton, conhece Dorian e também se encanta por sua beleza. Eis que o retrato fica pronto e é super elogiado por tamanha a semelhança com o Gray de verdade. Henry comenta que Dorian tem tudo o que ele precisa na vida, juventude e beleza, e enfatiza que somente a sua imagem na tela é que terá o privilégio de ser detentora de tais qualidades para sempre. Esse comentário desperta no jovem inglês uma preocupação inquietante que acaba levando-o a vender sua alma em troca de manter sua beleza e juventude enquanto a imagem do quadro sofreria as conseqüências do tempo em seu lugar. O que acontece é que Dorian Gray fica deslumbrado com a fato de que o quadro está envelhecendo enquanto ele permanece bonito e jovem e começa a perder a noção. Leva uma vida de libertinagem e maldades, seduzindo a todos a sua volta e com a cara de anjinho mais lavada do mundo. Um cara-de-pau. As conseqüências dessa vida “torta” são catastróficas ... para todos.
Oscar Wilde (1854-1900) escreveu essa história em 1890 para a publicação de uma revista. Mas ele gostou tanto que resolveu ampliar a história e lançou 1 anos após o livro “The Picture of Dorian Gray” (O retrato de Dorian Gray). Na época Wilde foi muito criticado pelo conteúdo homoerótico contido em sua obra, mas isso não diminuiu o sucesso alcançado e fez de sua publicação um clássico. Li no ano passado uma edição do livro feita pela editora Abril. Adorei a história e descobri que já tinha sido levada ao cinema por uma total de 16 vezes. Entre elas estão as mais expressivas em 1910 (a primeira), 1945, e a mais atual lançada em 2009. Essa última acaba de chegar (2 anos depois) aos cinemas brasileiros (e apenas em 4 salas no Rio de Janeiro) e eu não podia deixar de conferir.
Já fui ver o filme esperando não encontrar toda a riqueza de detalhes e emoção que encontramos nos livros. Já sabemos que é sempre assim. Alguma coisa parece fora do lugar, outra totalmente distorcida, mas é mesmo complicado ser totalmente fiel ao livro. Mas para minha boa surpresa, adorei o filme. Mesmo começando com uma diferença gritante nas características físicas do protagonista, que no livro é loiro, cabelo cacheado e olhos azuis, e no filme é representado por Ben Barnes (O Príncipe Caspian de Nárnia) com suas madeixas negras e lisas e olhos também negros, mas nada que destruísse a poética da história. Barnes deixa a desejar ao fazer a versão “Black Swan” de Dorian mas traz uma atuação que eu considero boa. Nada espetacular, mas, boa. Ele divide a cena com Colin Firth, que vive o cínico e safadinho Henry Wotton e Ben Chaplin, que faz o pacato pintor Basil Hallward que protagoniza a única cena homossexual do filme (eu particularmente acho que se esses dois trocassem os papeis o resultado seria mais interessante).